Refúgio

       

           

    Nos instantes mais tensos e complicados, eu me vejo em um lugar especial, um lugar que se faz importante pelos seus detalhes que encantam. Após uma imensa parede negra, formada pela própria escuridão, eu toco em uma porta fechada que faz parte da parede, mas uma luz se irradia por entre as suas frestas.

    Ao abrir a porta, os meus pés tocam a areia grossa e quente, logo sinto o cheiro da brisa que vem do mar, ouço o toque sútil das águas indo e vindo. Fecho a porta e caminho lentamente, observando as cores do céu, o azul intenso domina, algumas nuvens ganham formas engraçadas conforme a alteração dos ventos. Sempre é pôr do sol, ao passar poucos minutos, o laranja e o rosa se misturam com o azul majestoso.

    Deito o meu corpo cansado nas curvas das areias mornas próximas às águas. Fecho os meus olhos e sinto a calmaria me abraçar. Com a maresia agradável, o cantar dos pássaros quase adormeço. Nesse lugar, o dia sempre brilha e o sol jamais se põe. O tempo congela somente para me receber com o melhor conselho de todos: um silêncio distinto e incompreendido, algo que não encontro do outro lado. Todos os sons que me cercam contribuem para uma linda sinfonia, uma canção genuína que traz o silêncio para minha alma.

    Jamais me recordo dos retornos, faço questão de permanecer e viver o melhor, o presente. Às vezes, vou ao encontro das águas e cada dia me surpreendo com a temperatura, ora quente e agradável, ora congelante. Entre as revoadas dos pássaros, consigo sorrir novamente e alcançar a paz. Ali encontro refúgio. Um lugar, um sonho, uma utopia, ou talvez somente um conforto para tocar o que preciso.

 

 

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