Em uma noite escura o vento sopra sorrateiro por entre as
ruas vazias, porém, ele carrega mais do que se pode imaginar, o próprio mal em
forma de sombras que rastejam em busca de um abrigo, um alimento e
principalmente oportunidades que surgem de mentes desequilibradas. Por horas, o
mal caminha para cumprir o seu objetivo. Analítico, ele observa cada fresta e
cada porta aberta, observa entre as janelas e paredes, cada espaço entre as
cortinas e a brisa que entra nas casas sem permissão. Assim também ele fará,
para se ocupar do que o ambiente tem a oferecer.
Cauteloso, ele prossegue pelos cantos escuros e se permite
flutuar na direção do vento que segue o seu curso, sem questionar aqueles que
também o persegue. Com olhos precisos, o mal encontra a melhor chance da
madrugada, uma casa pequena e bem pintada, com janelas azuis que se destacam no
branco das paredes. Cortinas claras que balançam diante das fendas de cada
janela.
O mal se posiciona bem diante da bela casa branca, respira
fundo e sente o que pode ter naquele interior para saciar suas necessidades.
Ele toma a decisão ao avaliar aquela passagem inocente que para ele é como uma
placa escrita: seja bem-vindo!
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