O buquê

 



 

Era minha formatura, um dia especial. Contudo, os meus pensamentos estavam nele, somente nele. Não consegui convidá-lo, nem ao menos sorri para ele da última vez que nos vimos na rua, todavia sei bem o que sentimos. Meu pai era controlador e um namoro era inviável para nós. Coloquei o mais lindo vestido, fiz a maquiagem perfeita, pensando nele, nutrindo uma mínima esperança de encontrá-lo, nem que fosse no caminho para a festa.

       No evento, eu estava tímida, cercada por familiares e felicitações. Lindos arranjos de flores enfeitavam as mesas. Os meus olhos buscavam a sua imagem em cada rapaz que passava por mim. Tentei me distrair com algumas amigas e, por algum tempo, o esqueci, o meu coração ficou mais leve. Quando eu menos esperava, veio um rapaz em minha direção. Não pude ver o seu rosto, pois estava entre as rosas vermelhas, apenas soube que era ele. Gentilmente, ele se aproximou e me entregou o buquê, achei que era um sonho, não pude acreditar que ele estava ali. Ele cumprimentou a todas da minha família e se sentou ao meu lado, dizendo ser o meu convidado especial.

           Logo recebi um bilhete de uma prima, dizendo: “Surpresa! Parabéns, prima! ” Então, compreendi que havia sido ela a convidá-lo. Conversamos um pouco, um diálogo de frases curtas e planejadas. O sorriso dele era fascinante e senti que o conhecia, ficamos confortáveis um com o outro, apesar da presença do meu pai. Antes de terminar a festa, ele recebeu uma ligação e foi atender longe de nós. Sem explicações, ele se despediu, beijou a minha mão e partiu. Apesar da partida inesperada, eu continuei feliz, pois a presença dele foi realmente um presente para mim. Fiquei ali admirando as minhas rosas. O buquê mais lindo. Até que recebi um novo bilhete que dizia: ele saiu para um encontro com outra moça.

            Não consigo explicar o que senti ao ler aquela frase, foi devastador. O ódio me tomou e decidi ir embora da festa, não havia motivo nenhum para que eu permanecesse ali. No dia seguinte, o buquê amanheceu jogado ao lado da minha cama. Ainda naquela manhã, em meio a uma reunião importante, aquele rapaz recebeu um presente robusto, em uma grande caixa enfeitada. Os seus colegas solicitaram para ver o conteúdo do presente. O rapaz feliz abriu a caixa e a sua feição se modificou de imediato. No interior da caixa, estava o buquê de rosas vermelhas murchas, com um bilhete ao lado: “Obrigada pelo buquê, eu o devolvo e peço que não me procure mais. ”

            Fiquei aliviada ao saber que ele ficou furioso. Por um tempo, achei que havia feito o certo, pois a raiva me consumiu. Contudo, ele ainda permanecia em meus pensamentos. Os boatos sobre o bilhete que recebi na noite da festa chegaram até ele, mas, orgulhoso, ele preferiu não me procurar.

            Um ano depois, eu me envolvi em um acidente de moto. No hospital, eu vi a cena da formatura se repetir. Ele simplesmente entrou no meu quarto, com outro buquê de rosas vermelhas. Ambos sorrimos, ele me perguntou se eu estava bem e logo me contou sobre o falso bilhete que recebi. Ele não teve um encontro e eu acreditei em uma mentira. Nos desculpamos por nossas falhas, ele pelo orgulho referente ao buquê que devolvi e eu por somente acreditar em um bilhete maldoso. Infelizmente, a falta de comunicação entre nós, a imaturidade de ambos nos afastou por um ano. Isso quase destruiu o nosso amor. Contudo, após a verdade, iniciamos a nossa história e nunca mais deixamos de conversar sobre qualquer coisa, não permitimos que nada mais ficasse entre nós. Isso mudou tudo.

 

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